A temporada da tainha em Santa Catarina começou oficialmente nesta quinta-feira (1º) com a tradicional cerimônia de abertura realizada na Praia do Campeche, em Florianópolis. O evento, que celebra uma das atividades mais tradicionais da cultura pesqueira catarinense, foi marcado por discursos fortes e embates políticos.
O governador Jorginho Mello (PL) esteve presente e usou a ocasião para fazer duras críticas ao governo federal, especialmente no que diz respeito às cotas de pesca estabelecidas para este ano.
A resposta veio imediatamente no ato oficial de abertura. O novo superintendente do Ministério da Pesca em Santa Catarina, Jean Ricardo, rebateu as críticas, acusando o governador de “delegar responsabilidades” e de não reconhecer os investimentos federais no estado. Ele também destacou que o atual governo federal, com o presidente Lula, recriou o Ministério da Pesca — extinto na gestão anterior — justamente para fortalecer as políticas públicas voltadas ao setor.
Sobre as cotas de arrasto de praia, o superintendente afirmou que elas se baseiam em dados técnicos recentes, com foco na sustentabilidade da pesca e na preservação da tradição. “Inclusive, o próprio governo estadual participou do Grupo de Trabalho da Tainha, que resultou na portaria interministerial. Não faz sentido agora criticar algo do qual fez parte”, afirmou.
Durante entrevistas, ele ainda alertou para o uso político do debate: “Tem gente aproveitando uma pauta séria para fazer palanque. O GT Tainha continuará se reunindo a cada 15 dias e o Ministério do Meio Ambiente continuará os estudos necessários”.
Outro destaque foi o deputado estadual Marquito (PSOL), autor da lei que institui o dia 1º de maio como o Dia da Abertura Oficial da Safra da Tainha em SC. Ele lembrou que a lei só foi promulgada após a Assembleia Legislativa derrubar o veto do governador. O secretário estadual da Pesca, Tiago Frigo (PL), alegou que o veto se deu por questões orçamentárias, o que foi prontamente contestado por Marquito: “Mentira, não havia gastos previstos”.
A discussão entre os dois gerou desconforto e um bate-boca no palanque. O secretário Frigo continuou com críticas ao governo federal e ao ministério da Pesca, e ao citar o nome do governador Jorginho Mello ao final do evento, foi vaiado pelo público presente.
Apesar das tensões, o sentimento geral dos pescadores e comunidades tradicionais é de esperança por uma boa safra, com fartura no mar e respeito à cultura da pesca artesanal.