O Papa Francisco faleceu na última segunda-feira (21), às 2h35 (horário de Brasília), 7h35 no horário local do Vaticano. Aos 88 anos, o líder da Igreja Católica morreu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) associado a um quadro de insuficiência cardíaca. Com sua morte, a Igreja entra oficialmente no período conhecido como Sede Vacante, em que se inicia o processo para a escolha de um novo papa.
Como será escolhido o novo papa
A sucessão de Francisco será decidida por meio do conclave, um tradicional e reservado processo de votação que ocorre na Capela Sistina, no Vaticano. Participam até 120 cardeais com menos de 80 anos de idade, que ficam completamente isolados do mundo exterior durante o período de deliberação.
Antes do início das votações, três cardeais são nomeados para contar os votos e outros três para revisar o processo. Os cardeais votam entre si — não sendo permitido votar no próprio nome — e um candidato só é eleito se alcançar dois terços dos votos.
O processo começa com uma primeira votação, feita em cédula de papel. Caso não haja consenso, até seis votações podem ser realizadas. Se a escolha ainda não for definida, os cardeais podem fazer até quatro pausas, com sete votações adicionais ao longo do processo. Se persistir o impasse, os dois nomes mais votados são submetidos a uma decisão direta entre os eleitores.
O mundo acompanha os sinais vindos da chaminé da Capela Sistina: a fumaça preta indica que nenhum nome foi escolhido; já a fumaça branca confirma que um novo papa foi eleito.
Cardeais brasileiros no conclave
O Brasil, país com o maior número de católicos no mundo, será representado por sete cardeais no conclave. O único brasileiro impedido de participar é Dom Raymundo Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que está com 87 anos — acima do limite permitido.
Os brasileiros que participarão da escolha são:
- Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre e presidente da CNBB (64 anos)
- Dom João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília (77 anos)
- Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (74 anos)
- Dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo (75 anos)
- Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro (74 anos)
- Dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília (57 anos)
- Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil (65 anos)
Possíveis sucessores
Com a morte de Francisco, nomes já começam a ser cotados para assumir o Trono de Pedro. Entre os favoritos está Jean-Marc Aveline, arcebispo de Marselha, na França, considerado próximo ao pensamento progressista de Francisco, especialmente em questões sociais como a imigração.
Outros nomes em destaque:
- Peter Erdo, da Hungria – ligado à ala mais conservadora da Igreja
- Mario Grech, de Malta – secretário-geral do Sínodo dos Bispos
- Juan José Omella, da Espanha
- Pietro Parolin, italiano e atual secretário de Estado do Vaticano
- Luis Antonio Tagle, das Filipinas – nome forte entre os mais jovens
- Joseph Tobin, dos Estados Unidos
- Peter Turkson, de Gana – um dos cardeais africanos mais influentes
- Matteo Maria Zuppi, da Itália – ligado à Comunidade de Santo Egídio
Um legado global
Com o falecimento de Francisco, encerra-se um pontificado marcado pela busca por uma Igreja mais próxima dos pobres, mais aberta ao diálogo e voltada para temas sociais urgentes. O primeiro papa latino-americano, jesuíta e não europeu em mais de mil anos, deixa um legado profundo de simplicidade, compaixão e coragem frente a desafios internos e externos da Igreja.
Agora, os olhos do mundo se voltam ao Vaticano, onde será decidido o futuro da Igreja Católica para as próximas décadas.