Criado pelo Governo de Santa Catarina em 2024 para impulsionar o setor energético e destravar projetos travados por falta de infraestrutura, o Programa Energia Boa já superou as expectativas e deve viabilizar um investimento histórico em geração de energia elétrica no estado. Somente na primeira etapa, são estimados R$ 3 bilhões em investimentos privados, podendo chegar a R$ 13 bilhões em fases futuras.
Até o momento, mais de 120 projetos já foram cadastrados, incluindo iniciativas de geração a partir de fontes hidrelétrica, solar, eólica e até biomassa.
Parceria entre setor público e privado
A proposta do Energia Boa é unir esforços entre investimentos públicos e privados. Enquanto o Estado, por meio da Celesc, investe na construção de subestações e redes de transmissão, a iniciativa privada entra com os recursos para construir usinas geradoras de energia. Essa infraestrutura pública é essencial para garantir a conexão dos novos empreendimentos à rede elétrica.
“O Energia Boa é pioneiro no país e vai trazer mais segurança energética para Santa Catarina. Nossa economia, puxada pela indústria, cresce acima da média nacional e precisa de mais energia para continuar se desenvolvendo de forma sustentável”, afirma o governador Jorginho Mello.
Foco na energia renovável
A maior parte dos projetos cadastrados é composta por Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGHs), aproveitando a abundância hídrica catarinense. No entanto, também há propostas voltadas à energia solar e eólica, demonstrando a diversidade e o potencial de expansão da matriz energética do estado.
Para Silvio Dreveck, secretário de Indústria, Comércio e Serviço (Sicos), o programa é estratégico para a competitividade catarinense.
“Santa Catarina tem vocação para a energia renovável. Esse programa é a ponte entre o potencial e a realidade. Ele tira os projetos do papel e amplia nossa capacidade energética de forma limpa”, destaca.
Avanço da infraestrutura e geração de empregos
Na primeira fase, os investimentos públicos da Celesc somam R$ 570 milhões, focados nas regiões do Planalto Serrano e Meio-Oeste, com potencial de liberar R$ 3 bilhões da iniciativa privada. Com novas propostas já em análise para regiões como o Grande Oeste e o Vale do Itajaí, o total pode alcançar R$ 13 bilhões, com geração estimada de até 1,3 GW de potência.
Segundo Tarcísio Rosa, presidente da Celesc, o programa é um marco no setor:
“Estamos preparando a infraestrutura que os novos projetos precisam para acontecer. É uma transformação no setor energético catarinense, com ganhos para a economia, o meio ambiente e a qualidade de vida da população.”
A resposta ao aumento da demanda
De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o consumo de energia elétrica em Santa Catarina cresceu 4,5% nos últimos 12 meses, mais que o dobro da média nacional (2,1%). A indústria é a principal responsável por essa alta — o setor teve crescimento de 7,7% no último ano.
“Com o crescimento da produção, aumenta também a demanda por energia. O Energia Boa não apenas garante o fornecimento, mas também viabiliza a expansão industrial e comercial em várias regiões que ainda operam com energia monofásica. Em muitos casos, o programa permitirá a migração para sistemas trifásicos, essenciais para indústrias”, explica Jonianderson Menezes, secretário adjunto da Sicos.
Governança integrada
O Programa Energia Boa é liderado pela Secretaria de Indústria, Comércio e Serviço (Sicos), em conjunto com as secretarias da Fazenda (SEF), Planejamento (Seplan) e Meio Ambiente e Economia Verde (Semae). Também participam Celesc, SCGÁS, BRDE, Badesc, Jucesc, IMA, além de entidades como a FIESC e a Associação dos Produtores de Energia de SC (Apesc).
“Estamos construindo um novo cenário energético em Santa Catarina, onde segurança, sustentabilidade e desenvolvimento caminham juntos”, conclui o governador Jorginho Mello.